
O anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (19) de que Joaquim Silva e Luna será indicado para comandar a Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco recebeu críticas de antigos aliados.
Veja abaixo a repercussão sobre troca de comando na estatal.
Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização do Ministério da Economia
“Lastimável a decisão do governo de tirar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras. Roberto é um profissional extremamente qualificado que tirou a empresa literalmente do fundo do poço após o maior escândalo de corrupção do planeta. Em seu lugar será nomeado mais um militar.”
Paulo Uebel, ex-secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia
Nunca o governo Bolsonaro foi tão parecido com o Governo Dilma como hoje. Nesse momento, Guido Mantega faria absolutamente o mesmo que Paulo Guedes está fazendo. Essa similaridade deve arrepiar qualquer cidadão de bem! Não podemos desistir do Brasil.
Luiz Octavio da Motta Veiga, ex-presidente da Petrobras
“O governo quer controlar preço para não impactar a inflação. Dilma e Collor tentaram segurar. Agora estamos em outro modelo que é segurar preço para fazer populismo. No fundo é a mesma coisa por razões diferentes. É lamentável que isso aconteça, o presidente Castello Branco vinha tocando de uma forma bastante respeitada essa missão de desinvestir muita coisa.”
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados
“É preciso olhar o momento acima do nervosismo e das aflições: ‘Nunca na história deste país’, um Poder Executivo abriu mão de tamanho poder como a criação de um banco central independente. Essa sim é uma sinalização econômica com impacto profundo e permanente na economia no curto, médio e longo prazos. As polêmicas administrativas sobre provimento de cargos, por mais relevantes, não sombreiam nem tiram o brilho dessa grande conquista para o país.”
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado Federal
“O que eu interpreto, primeiro, como algo essencial é que o presidente da República detém uma prerrogativa. Assim como nós defendemos nossas prerrogativas como advogados, eu defendo as nossas prerrogativas com parlamentares, o presidente da República tem suas prerrogativas também da escolha da sua equipe de governo. Então, se é uma prerrogativa que decorre da Constituição, decorre da lei, é possível que ele a exerça.”
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central
“Boa tarde, Venezuela.”
Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda
“Definitivamente, Bolsonaro demonstrou que não tem compromisso com agenda liberal que anunciou na campanha eleitoral. A intervenção na Petrobras demonstra inequivocamente que não tem nenhum problema em agir de acordo com interesses eleitorais. Ninguém tem dúvidas que isso tem mais a ver com compromisso com caminhoneiros que com o país. Dizer que o mandato estava terminando é uma desculpa esfarrapada, pois o mandato era renovável. Foi uma demissão por conta do ajuste de preços da Petrobras. O preço do petróleo e taxa de câmbio, se não forem repassados, gera um prejuízo para a Petrobras como que aconteceu no governo Dilma. Está se iniciando uma nova era Dilma na história da Petrobras. O novo presidente terá que torcer para que preço e câmbio caiam, ou vai se curvar à pressão de Bolsonaro.”
Fábio Faria, ministro das Comunicações
“O governo @jairbolsonaro é 100% liberal na economia como já demonstrou desde 1 de janeiro de 2019. O governo jamais irá intervir em preços e acredita no livre mercado. O que existia era uma total falta de afinidade entre o PR e o Castello e a troca foi um fato isolado.”
Rodrigo Maia, deputado federal pelo DEM-RJ
“Sinal da força da agenda liberal e das privatizações no governo Bolsonaro.”
David Zylbersztajn, ex-diretor geral da ANP
“É um processo de construção de credibilidade que nem você construir um prédio. Estamos há quatro anos vendo gestões sucessivas que vêm remontando a estrutura da Petrobras. Agora implodir uma empresa, um prédio, é questão de 30 segundos, basta um monte de dinamite ou uma canetada, e para reconstruir você vai passar dois anos retirando escombro e depois tem que colocar tudo de novo”.
Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI)
“Vejamos, qual a justifica para catapultar o Castello Branco? Manda (no preço) quem pode e obedece quem tem juízo? Que boa coisa a se fazer para acalmar os ânimos do mercado. Que decisão acertada, em meio ao caos, não é mesmo?”
Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do Banco Central
“Era meio óbvio. Ouso dizer que [a troca no comando da Petrobras] foi surpresa para quem quis que fosse. Todas as pistas estavam aí, quem resolveu ignorá-las que lide com isso. Ele é um sujeito de ‘estímulo-e-resposta’, e o aumento de preços do petróleo desagrada categorias que o apoiam eleitoralmente. Segunda-feira será um dia de sangue e não será limitado à Petrobras.”
Elena Landau, economista e ex-diretora de privatização do BNDES
“Essa intervenção só mostra que a única forma de defender o patrimônio púbico, por mais contraditório que possa parecer, é privatizando. Dilma quase quebrou as empresas de energia. A boa governanca temporária deu uma falsa sensação de independência. Tem que privatizar de forma radical. Governança muda ao sabor do governo de plantão.”
Alessandro Vieira, senador do Cidadania
“Está confirmado o estelionato eleitoral de Bolsonaro. Eleito prometendo acabar com o Centrão, fortalecer a Lava Jato e fazer um governo liberal na economia, 2 anos depois ele está casado com o Centrão, destruiu a Lava Jato e colocou um general para intervir na Petrobras. É triste.”
Rodrigo de Castro, líder do PSDB na Câmara dos Deputados
“A troca do comando da Petrobras anunciada na noite desta sexta é uma sinalização muito ruim ao mercado e também aos preceitos da administração pública e, dada a movimentação do governo de ontem para hoje, pode sugerir interferência política indevida na empresa.”
Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT
“Bolsonaro põe militar na Petrobras para tentar se equilibrar entre dólar alto e preço do petróleo e conter greve dos caminhoneiros. Sem mudar dolarização dos combustíveis e privatização do refino, não adianta trocar nomes. Vai ser conversa.”
Marcel van Hattem, deputado federal do Novo
“Mais uma decisão que divorciam Jair Bolsonaro e seu governo da defesa liberal feita na campanha. O aparelhamento das estatais agora é com militares – e as privatizações, ainda paradas. A Petrobras não pode servir para populismo econômico. Retrocesso!”
Kim Kataguiri, deputado federal do DEM
“A troca do presidente da Petrobras indica somente uma coisa: vão controlar o preço dos combustíveis na canetada. Vimos esse filme recentemente com a Dilma. O final a gente lembra: quebradeira na estatal.”
Janaina Paschoal, deputada estadual do PSL-SP
“Eu tenho muito respeito pelas Forças Armadas e pelo General indicado para presidir a Petrobrás, mas o Presidente da República precisa entender que ele não pode querer contornar toda e qualquer crise nomeando Generais, por mais competentes que sejam. Sem falar na interferência…”
Heni Ozi Cukier, deputado estadual do Novo em São Paulo
“Não basta elogiar o militarismo de Hugo Chávez. Não basta desacreditar as instituições como Hugo Chávez. Não basta ameaçar a mídia como Hugo Chávez. Precisa entregar a petroleira estatal na mão dos militares pra fazer populismo econômico igual o Hugo Chávez. Venezuela é logo ali.”
Cláudio Frischtak, economista
“É péssimo do ponto de vista da Petrobras, da sua governança, afinal de contas, rompe-se com o princípio básico de não interferência dessa natureza. Ela vai sofrer uma destruição de valor. Quão maciça será a destruição vai depender dos próximos passos, do próprio conselho, do novo presidente, o que vai ser anunciado como política de preços de combustíveis no país. Se for anunciado algo que é inconsistente com os interesses da empresa, é muito ruim para a empresa e também um péssimo sinal do ponto de vista da governança das demais empresas estatais, porque se a Petrobras pode sofrer esse tipo de intervenção, qualquer empresa estatal pode sofrer esse tipo de intervenção”.
Por G1